terça-feira, 30 de julho de 2013

Resumos Sociologia 3º médio ETIP (2ºtrim 2013)

Aulas 1/2. A sociologia de Max Weber (Alemanha, 1864-1920)

• Professor universitário, desenvolveu estudos de direito, filosofia, história e economia.

• Principais obras:
A ética protestante e o espírito do capitalismo. (1905).
Economia e sociedade. (1922).

• Para Weber, a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades.

• Funda a chamada “sociologia compreensiva”, de caráter racionalista, considerando a ação individual como ponto de partida para a compreensão da realidade social.

Ação Social : Conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivo, que orienta o agente de acordo com o comportamento dos outros, ou seja, o seu caráter social. Segundo Weber, há quatro tipos ideais, ou puros de ação social:

1. Racional com relação a um objetivo : Projeto para agir. Ex: Um professor planejando a aula, um engenheiro desenhando a planta de um prédio.
2. Racional com relação a um valor : Fidelidade a valores políticos, religiosos. Ex: um capitão que afunda com seu navio, um ataque terrorista.
3. Emocional ou afetiva: Reação emocional por medo, inveja, vingança,… Ex: brigas de torcidas.
4. Tradicional : Ação por hábitos, crenças ou costumes. Ex: participar de cerimônias de casamento, funeral.

A sociologia de Weber busca compreender a ação social através do sentido que o sujeito atribuiu à sua própria ação, ou seja, quer entender o sentido subjetivo das condutas sociais.

• Weber analisa as regras e normas sociais como resultado do conjunto de ações individuais, das decisões pessoais. Ex: Uma religião existe por que muitas pessoas adotam estes valores, uma campanha comunitária acontece através da decisão pessoal de cada participante.

• A análise do capitalismo :

• A expansão do capitalismo moderno, cujo início ocorreu no século XIV com o renascimento comercial só foi possível a partir da expansão da religião protestante, em especial o Calvinismo, que pregava:

o Ter lucro não era mais pecado, a usura era permitida.
o O trabalho é o meio mais eficiente para se atingir a graça divina, a Salvação.
o O ascetismo é valorizado, deve-se ter disciplina e auto-controle.
o A prosperidade material é uma prova da predestinação, ou seja, algo que indica que Deus escolheu certa pessoa para ser salva.


O protestantismo proporcionou a formação de uma nova mentalidade, um conjunto de valores e hábitos fundamentais que criaram um ambiente propícios a expansão do capitalismo.

Obs: A reforma de Lutero teve início em 1517, e o Calvinismo surgiu em 1534.

Aulas 3/4. A Escola de Frankfurt

• Um grupo de pensadores fundou em 1923 o “Instituto de pesquisa social” na Alemanha, com o objetivo de buscar explicações para as profundas transformações sociais ocorridas à época, dando ênfase aos aspectos culturais.

• Panorama histórico: Período de expansão do capitalismo monopolista e das idéias socialistas e totalitaristas, logo após a 1ª guerra mundial (1914-1918) e a revolução russa (1917-1922).

• Principais influências:
O marxismo em suas várias formas (análise das formas de domínio)
A psicanálise de Freud, (análise dos comportamentos).

Nomes:
* Max Horkheimer (1895-1973).
* Theodor Adorno (1903-1969).
* Walter Benjamim (1892-1940).
* Herbert Marcuse (1898-1979).
* Jurgen Habermas (1929- )
* Erich Fromm (1900-1980).

Questões:
* Entender as relações que movimentavam as massas.
* Análise crítica dos meios de comunicação.
* Aperfeiçoar o movimento revolucionário marxista.
* Crítica à ideologia capitalista.

• Conceitos:

1. Cultura de massa – Conjunto de manifestações culturais que não está ligado a nenhum grupo social específico, pois é transmitido de maneira industrializada para o público em geral por intermédio dos meios de comunicação de massa.
2. Indústria cultural – Produção industrializada de bens culturais em larga escala para atender o grande público.

A indústria cultural vende cultura; para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor; para isso não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, mas deve devolver-lhe com nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. O expectador “médio” é o senso comum cristalizado.
No capitalismo tudo é mercadoria, inclusive as obras de arte. Segundo Adorno, massificar a arte é banalizar a expressão artística e intelectual, ou seja, vulgarizar.

• A indústria cultural inverte/subverte o sentido da arte:
1. Expressão do talento do autor----------------------reprodução repetitiva.
2. Momento de criação---------------------------------produtos para o consumo rápido.
3. Experimentar o novo--------------------------------consagrar o padrão.
4. Provocar, chocar, incomodar------------------------lazer e diversão, satisfazer os sentidos


• A análise dos meios de comunicação:

• Os programas de rádio/TV são feitos introduzindo uma divisão do público e dos horários, isto é feito para atender as exigências dos patrocinadores.

• A desinformação é o principal resultado da maioria dos noticiários, assistir regularmente estes noticiários pode provocar na maioria das pessoas:

o Falta de localização espacial – Perda das referências , China = Paraíba.
o Falta de localização temporal – Perda da relação causa/conseqüência. Só existe o “Agora”.


A TV/rádio ( e a internet) podem oferecer-nos o mundo inteiro num instante, mas o fazem de tal maneira que o mundo real desaparece, restando apenas retalhos fragmentados de uma realidade desprovida de raiz no espaço e no tempo.

Efeitos da mídia :

* Inversão entre a realidade e a ficção.
* Dispersão da atenção, criando o hábito de pensar fragmentado.
* Infantilização do público, que não suporta a distância temporal entre o
Desejo de consumir e a satisfação dele.
* Autoritarismo – Intimidação social, com os especialistas que nos
Ensinam a viver.

• Com isso, a mídia transforma o público em uma massa inculta, infantil, desinformada e passiva.


Aula 5. Sociologia contemporânea: Norbert Elias (Alemanha, 1897 – 1990).


• Sociólogo, estudou também medicina, filosofia e psicologia.

• Fugiu da Alemanha nazista em 1933, indo morar na Inglaterra.

• Foi o responsável pela criação da chamada “sociologia figuracional”, uma área que estuda as configurações sociais como consequências da interação social.

• Elias parte da ideia de que a interdependência entre os indivíduos e as relações formam a configuração social. Por exemplo a dança, um espetáculo de dança não existe sem os dançarinos individuais, que ao se relacionarem constroem a ação do grupo.

• São os próprios indivíduos que constroem e mantém as configurações sociais baseadas em teias ou redes de interdependência.

• Estas teias de interdependência agrupam os indivíduos com laços gerados socialmente, resultando num processo de autocontrole individual.

• Durante nossa vida mantemos relações sociais em vários níveis com pessoas dos mais variados grupos sociais: família, escola, igreja, clubes, torcidas, empresas, sindicatos, …

• Essas relações formam teias, nós dependemos dessas relações e algumas pessoas dependem de nós, não apenas dependência física ou material, mas emocional, intelectual e até espiritual, com isso, nós aceitamos algumas regras de convivência e até criamos outras, num verdadeiro processo de autocontrole de nosso comportamento.

• Esse modelo garante a coerção social, que mantém a estabilidade dos comportamentos, ou seja, em nossas relações sociais criamos expectativas sobre o comportamento dos outros e os outros esperam determinados comportamentos de nós, como desejamos manter estas relações então nos submetemos às regras, que se tornam tradicionais, normais.

Resumos Sociologia 1º médio ETIP (2ºtrim 2014)

Aulas 1/2. O que é cultura? Sentidos e conceitos.

• Cultura: O conjunto acumulado de símbolos, ideias e produtos materiais associados a um sistema social, seja uma sociedade ou uma família.

• Cultura:
o Material – Tudo o que é produzido materialmente pelo ser humano.
o Imaterial – Símbolos, ideias, crenças, valores e normas.

• Cultura não é qualquer ideia ou atividade, é algo que transcende, vai além dos indivíduos.

• A origem da palavra cultura vem do latim cultus, que significa ao mesmo tempo, a cerimônia religiosa de homenagem a uma divindade e o cultivo da terra.

• Com o tempo, cultura passou a ser entendida como aquilo que se obtém com esforço, cuidado e determinação, cultivar passou a significar o aperfeiçoamento em relação a uma ação.

• A partir do Iluminismo dos séculos XVII/XVIII, a palavra cultura significava o cultivo abstrato de ideias, popularizando-se como o conjunto de princípios e conhecimentos que os homens são capazes de acumular.

• Nesse sentido, cultura passou a simbolizar status intelectual, desejo da ascendente burguesia, vide as grandes bibliotecas e coleções de obras de arte dos burgueses europeus.

• A expansão do nacionalismo europeu dos séculos XVIII/XIX contribuiu para mudar o sentido da palavra cultura, que passou a ser um conjunto de tradições e hábitos com os quais as pessoas se identificavam, nascia então a ideia de uma cultura nacional.

• Conceitos relacionados:

o Pluralismo cultural – Processo pelo qual culturas diferentes coexistem mantendo sua identidade. O Brasil é um grande exemplo disso.
o Aculturação – É quando uma cultura domina outra cultura mais fraca. Há inúmeros exemplos na história: o império romano, a expansão ibérica, os EUA,…
o Relativismo cultural – Cada cultura deve ser entendida em seus próprios termos, não sendo possível considerar uma cultura melhor ou pior do que a outra.
o Etnocentrismo – É uma visão de mundo na qual o nosso grupo social é considerado o centro de tudo, é o critério de julgamento dos outros. É a única cultura certa, boa, ideal. Podemos citar como exemplos igrejas, partidos políticos e clubes esportivos.

• Para um aprofundamento do tema ver Apostila 2, páginas 2 a 9.

Aula 3. Símbolos culturais.

• A análise sociológica dos seres humanos enfrenta um dilema: conciliar a unidade biológica com a diversidade cultural.
• Para entendermos melhor essa característica é preciso analisarmos as formas de comunicação baseadas na distinção conceitual entre sinais e símbolos.

• Comunicação através de:

o SINAIS – Orgânica, inata, geneticamente transmitida, fixas. Os animais se comunicam desta forma.
o SÍMBOLOS – Adquirido culturalmente com a socialização, convenção social, é variável, depende das características culturais do grupo.

• A oposição entre sinais e símbolos não é total nem absoluta, o homem produz cultura e é produzido por ela. Nós também usamos sinais para nos comunicar, por exemplo: o choro de um bebê é um sinal de que algo o incomoda, porém a resposta da mãe ao choro é algo cultural, depende das convenções sociais do local aonde mora.


• NATURAL --------------------------- CULTURAL
(convivência, interação social)

• Podemos encontrar símbolos culturais:






















Aula 4. Cultura brasileira: diversidade e conflitos.

• Quando se fala de cultura no Brasil costuma-se levantar uma importante questão: Existe uma cultura dominante ou genuinamente brasileira?

• Algumas características fundamentais da sociedade atual:

o Urbana, industrial e capitalista.
o Divisão social e especialização do trabalho.
o Hierarquização social.
o Relações de poder, de domínio.

• O senso comum e até mesmo as ciências sociais fazem uma distinção entre cultura erudita e cultura popular.
o Cultura Erudita – De elite, mais refinada, de bom gosto, melhor, especial.
o Cultura Popular – De massa, mais rústica, de mau gosto, pior, vulgar.

• Essa classificação aplicada à cultura brasileira pode ser entendida de modo diverso, invertendo os valores:
o Cultura Erudita – Artificial, decadente, restrita.
o Cultura Popular – Autêntica, nacional, ampla, pura.

• Há nesse caso uma uniformização indevida, pois não existe apenas uma única cultura popular, em um mesmo universo social coexistem várias culturas.

• Porém, mesmo nesse ambiente cultural múltiplo, existe algo que uniformiza, torna tudo homogêneo: a Publicidade, com isso tudo tem mais ou menos o mesmo valor, o valor de mercado.

• Quando falamos de uma cultura nacional brasileira, estamos usando referências de valor das classes dominantes. Ao analisarmos a história cultural do Brasil podemos perceber o quanto a afirmação acima é válida.

• Houveram várias tentativas de criar uma unidade cultural, uma “etnia” brasileira, todas elas partiram das classes detentoras do poder, um dos exemplos mais claros foi no início do século XX, com a Política de branqueamento da população, posta em prática com incentivos à imigração européia e japonesa, buscando um “perfil racial” que fosse mais próximo dos países considerados modernos, desenvolvidos, os EUA e os europeus ocidentais.

• Um dos grandes desafios da sociologia brasileira foi a construção simbólica da identidade cultural brasileira, quem somos nós? O que é ser brasileiro? São algumas questões que os sociólogos buscam responder.



Aulas 5/6. Análise de ambientes culturais: a família.

• Modelo tradicional de família: pai, mãe e filhos.

• Aspectos importantes para a manutenção da família tradicional: fidelidade, exclusividade, garantia de propriedade.

• Podemos conceber a instituição familiar como:

o Organização natural – Se é algo natural, então qualquer forma diferente da tradicional é “anti-natural”, ou seja, errado.

o Determinação divina – A família é obra de Deus: “o que Deus uniu o homem não separa.” Qualquer forma diferente pode ser considerado ‘pecado”.

o Produto histórico-cultural – A família não é natural, nem divina, mas algo construído culturalmente, cada sociedade adota aquilo que é conveniente para sua cultura.

• Funções:
Transmissão dos padrões culturais vigentes.

Desenvolvimento físico, psíquico e social.

Absorção e manutenção de valores ideológicos.(*)

• Influências:
Fatores econômicos. Ex: a mulher no mercado de trabalho.

Meios de comunicação de massa. Ex: exposição constante na mídia.

Instituições educacionais. Ex: aprendizagem cada vez mais precoce.


• Segundo o psicanalista francês Jacques Lacan (Paris, 1901 – 1981), a família preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico através de três mecanismos básicos.

• A 1ª educação:
Os pais são os modelos de comportamento.

Os adultos tem poder sobre as crianças. (Autoridade).

Dependência física e psicológica quase total.

• Aquisição da linguagem:
Ferramenta imprescindível.

Possibilita a compreensão da realidade.

Ao nascer, a mãe é o mundo.

• A repressão do desejo:
Tempo de espera para a satisfação dos desejos.

Limites impostos pela realidade, lidar com as frustrações.

Repressão dos impulsos agrtessivos e eróticos.

Aulas 7/8. Análise de ambientes culturais: a escola.

• Instituição social que faz a mediação entre o indivíduo e a sociedade. Com a educação a criança se humaniza, se socializa, aumentando assim sua autonomia.

• Evolução da escola:

Antiguidade – O meio social educa, aprende-se fazendo.
Idade média – Escola para as elites, religião e poder
Idade moderna – Ainda elitistas, porém mais técnicas.
Revolução industrial – Universalização do ensino, preparo para o trabalho.
Atualmente - Preparação visando suprir as necessidades sociais.


• Principais problemas:

• O abismo entre a escola e o meio social.

o Ao buscar a proteção das crianças e dos jovens contra os perigos sociais, a escola substitui a realidade social por uma realidade escolar fechada, criando um distanciamento do cotidiano.
o Com este modelo, a escola forma uma pessoa passiva perante o seu meio social, que não sabe aplicar os conhecimentos aprendidos para entender e atuar no mundo.


• A discutível utilidade do saber escolar.

o Segundo as teorias pedagógicas, o lugar social que o indivíduo ocupará na sociedade depende do grau de cultura que adquirir, atestando o saber através de diplomas, que se tornam passaportes para a vida social.
o O grau de cultura adquirido pela pessoa depende do lugar social ocupado por sua família, depende de sua classe sócio-econômica.
o Em muitos casos há um problema metodológico significativo: algumas escolas ensinam as respostas sem que se tenha feito perguntas, não há o estímulo para os alunos aprenderem a perguntar. Saber é perguntar e conhecer respostas.


• Como preparar os alunos para a vida real?

o A escola acredita que ao ensinar a cultura acumulada pela humanidade, conseguirá desenvolver nos alunos o que neles há de melhor.
o A escola cria indivíduos à imagem e semelhança dos valores sociais dominantes.
o A família ficou apenas com a formação moral de seus filhos, a escola vem substituindo as famílias na orientação para a vida sexual, profissional, social.
o As regras e normas não podem ser ensinadas como verdades absolutas, mas como “acordos sociais” para melhorar nossas relações.
o As rotinas escolares, as atividades e os conteúdos apresentados estão distantes da vida cotidiana dos alunos, que não vêem na escola qualquer utilidade para seu desenvolvimento.
o Apenas o discurso da sociedade e a exigência do diploma na hora de obter um emprego melhor lhes dão a certeza de que é preciso insistir.
o A vida escolar deve estar articulada com a vida social, é preciso injetar realidade na escola.
o Ignorar as diferenças é trabalhar para aprofundá-las.
o Valores básicos na sociedade capitalista como liberdade individual, autonomia, criatividade e capacidade de tomar decisões exigirão da escola uma abertura em seu conservadorismo e autoritarismo.
o Nem todos os conhecimentos escolares têm aplicação imediata, são úteis porque desenvolvem a possibilidade de reflexão e aumentam nossa compreensão sobre a realidade que nos cerca, que deve ser a finalidade principal da escola.