sexta-feira, 6 de junho de 2014

Resumos Sociologia 1º médio 2014 (2º trim)


Aulas 1/2. O que é cultura? Sentidos e conceitos.

Cultura: O conjunto acumulado de símbolos, ideias e produtos materiais associados a um sistema social, seja uma sociedade ou uma família.

• Cultura:
o Material – Tudo o que é produzido materialmente pelo ser humano.
o Imaterial – Símbolos, ideias, crenças, valores e normas.

• Cultura não é qualquer ideia ou atividade, é algo que transcende, vai além dos indivíduos.

• A origem da palavra cultura vem do latim cultus, que significa ao mesmo tempo, a cerimônia religiosa de homenagem a uma divindade e o cultivo da terra.

• Com o tempo, cultura passou a ser entendida como aquilo que se obtém com esforço, cuidado e determinação, cultivar passou a significar o aperfeiçoamento em relação a uma ação.

• A partir do Iluminismo dos séculos XVII/XVIII, a palavra cultura significava o cultivo abstrato de ideias, popularizando-se como o conjunto de princípios e conhecimentos que os homens são capazes de acumular.

• Nesse sentido, cultura passou a simbolizar status intelectual, desejo da ascendente burguesia, vide as grandes bibliotecas e coleções de obras de arte dos burgueses europeus.

• A expansão do nacionalismo europeu dos séculos XVIII/XIX contribuiu para mudar o sentido da palavra cultura, que passou a ser um conjunto de tradições e hábitos com os quais as pessoas se identificavam, nascia então a ideia de uma cultura nacional.

• Conceitos relacionados:

o Pluralismo cultural – Processo pelo qual culturas diferentes coexistem mantendo sua identidade. O Brasil é um grande exemplo disso.
o Aculturação – É quando uma cultura domina outra cultura mais fraca. Há inúmeros exemplos na história: o império romano, a expansão ibérica, os EUA,…
o Relativismo cultural – Cada cultura deve ser entendida em seus próprios termos, não sendo possível considerar uma cultura melhor ou pior do que a outra.
o Etnocentrismo – É uma visão de mundo na qual o nosso grupo social é considerado o centro de tudo, é o critério de julgamento dos outros. É a única cultura certa, boa, ideal. Podemos citar como exemplos igrejas, partidos políticos e clubes esportivos.

• Para um aprofundamento do tema ver Apostila 2, páginas 2 a 9.

Aula 3. Símbolos culturais.

• A análise sociológica dos seres humanos enfrenta um dilema: conciliar a unidade biológica com a diversidade cultural.
• Para entendermos melhor essa característica é preciso analisarmos as formas de comunicação baseadas na distinção conceitual entre sinais e símbolos.

• Comunicação através de:

o SINAIS – Orgânica, inata, geneticamente transmitida, fixas. Os animais se comunicam desta forma.
o SÍMBOLOS – Adquirido culturalmente com a socialização, convenção social, é variável, depende das características culturais do grupo.

• A oposição entre sinais e símbolos não é total nem absoluta, o homem produz cultura e é produzido por ela. Nós também usamos sinais para nos comunicar, por exemplo: o choro de um bebê é um sinal de que algo o incomoda, porém a resposta da mãe ao choro é algo cultural, depende das convenções sociais do local aonde mora.


• NATURAL -------------------------------------- CULTURAL
(convivência, interação social)



Aula 4. Cultura brasileira: diversidade e conflitos.

• Quando se fala de cultura no Brasil costuma-se levantar uma importante questão: Existe uma cultura dominante ou genuinamente brasileira?

• Algumas características fundamentais da sociedade atual:

o Urbana, industrial e capitalista.
o Divisão social e especialização do trabalho.
o Hierarquização social.
o Relações de poder, de domínio.

• O senso comum e até mesmo as ciências sociais fazem uma distinção entre cultura erudita e cultura popular.
o Cultura Erudita – De elite, mais refinada, de bom gosto, melhor, especial.
o Cultura Popular – De massa, mais rústica, de mau gosto, pior, vulgar.

• Essa classificação aplicada à cultura brasileira pode ser entendida de modo diverso, invertendo os valores:
o Cultura Erudita – Artificial, decadente, restrita.
o Cultura Popular – Autêntica, nacional, ampla, pura.

• Há nesse caso uma uniformização indevida, pois não existe apenas uma única cultura popular, em um mesmo universo social coexistem várias culturas.

• Porém, mesmo nesse ambiente cultural múltiplo, existe algo que uniformiza, torna tudo homogêneo: a Publicidade, com isso tudo tem mais ou menos o mesmo valor, o valor de mercado.

• Quando falamos de uma cultura nacional brasileira, estamos usando referências de valor das classes dominantes. Ao analisarmos a história cultural do Brasil podemos perceber o quanto a afirmação acima é válida.

• Houveram várias tentativas de criar uma unidade cultural, uma “etnia” brasileira, todas elas partiram das classes detentoras do poder, um dos exemplos mais claros foi no início do século XX, com a Política de branqueamento da população, posta em prática com incentivos à imigração européia e japonesa, buscando um “perfil racial” que fosse mais próximo dos países considerados modernos, desenvolvidos, os EUA e os europeus ocidentais.

• Um dos grandes desafios da sociologia brasileira foi a construção simbólica da identidade cultural brasileira, quem somos nós? O que é ser brasileiro? São algumas questões que os sociólogos buscam responder.



Aulas 5/6. Análise de ambientes culturais: a família.

• Modelo tradicional de família: pai, mãe e filhos.

• Aspectos importantes para a manutenção da família tradicional: fidelidade, exclusividade, garantia de propriedade.

• Podemos conceber a instituição familiar como:

o Organização natural – Se é algo natural, então qualquer forma diferente da tradicional é “anti-natural”, ou seja, errado.

o Determinação divina – A família é obra de Deus: “o que Deus uniu o homem não separa.” Qualquer forma diferente pode ser considerado ‘pecado”.

o Produto histórico-cultural – A família não é natural, nem divina, mas algo construído culturalmente, cada sociedade adota aquilo que é conveniente para sua cultura.

Funções da família:
Transmissão dos padrões culturais vigentes.

Desenvolvimento físico, psíquico e social.

Absorção e manutenção de valores ideológicos.(*)

Influências sobre as famílias:
Fatores econômicos. Ex: a mulher no mercado de trabalho.

Meios de comunicação de massa. Ex: exposição constante na mídia.

Instituições educacionais. Ex: aprendizagem cada vez mais precoce.


• Segundo o psicanalista francês Jacques Lacan (Paris, 1901 – 1981), a família preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico através de três mecanismos básicos.

• A 1ª educação:
Os pais são os modelos de comportamento.

Os adultos tem poder sobre as crianças. (Autoridade).

Dependência física e psicológica quase total.

• Aquisição da linguagem:
Ferramenta imprescindível.

Possibilita a compreensão da realidade.

Ao nascer, a mãe é o mundo.

• A repressão do desejo:
Tempo de espera para a satisfação dos desejos.

Limites impostos pela realidade, lidar com as frustrações.

Repressão dos impulsos agressivos e eróticos.

Aulas 7/8. Análise de ambientes culturais: a escola.

• Instituição social que faz a mediação entre o indivíduo e a sociedade. Com a educação a criança se humaniza, se socializa, aumentando assim sua autonomia.

• Evolução da escola:

Antiguidade – O meio social educa, aprende-se fazendo.
Idade média – Escola para as elites, religião e poder
Idade moderna – Ainda elitistas, porém mais técnicas.
Revolução industrial – Universalização do ensino, preparo para o trabalho.
Atualmente - Preparação visando suprir as necessidades sociais.


• Principais problemas:

• O abismo entre a escola e o meio social.

o Ao buscar a proteção das crianças e dos jovens contra os perigos sociais, a escola substitui a realidade social por uma realidade escolar fechada, criando um distanciamento do cotidiano.
o Com este modelo, a escola forma uma pessoa passiva perante o seu meio social, que não sabe aplicar os conhecimentos aprendidos para entender e atuar no mundo.


• A discutível utilidade do saber escolar.

o Segundo as teorias pedagógicas, o lugar social que o indivíduo ocupará na sociedade depende do grau de cultura que adquirir, atestando o saber através de diplomas, que se tornam passaportes para a vida social.
o O grau de cultura adquirido pela pessoa depende do lugar social ocupado por sua família, depende de sua classe sócio-econômica.
o Em muitos casos há um problema metodológico significativo: algumas escolas ensinam as respostas sem que se tenha feito perguntas, não há o estímulo para os alunos aprenderem a perguntar. Saber é perguntar e conhecer respostas.


• Como preparar os alunos para a vida real?

o A escola acredita que ao ensinar a cultura acumulada pela humanidade, conseguirá desenvolver nos alunos o que neles há de melhor.
o A escola cria indivíduos à imagem e semelhança dos valores sociais dominantes.
o A família ficou apenas com a formação moral de seus filhos, a escola vem substituindo as famílias na orientação para a vida sexual, profissional, social.
o As regras e normas não podem ser ensinadas como verdades absolutas, mas como “acordos sociais” para melhorar nossas relações.
o As rotinas escolares, as atividades e os conteúdos apresentados estão distantes da vida cotidiana dos alunos, que não vêem na escola qualquer utilidade para seu desenvolvimento.
o Apenas o discurso da sociedade e a exigência do diploma na hora de obter um emprego melhor lhes dão a certeza de que é preciso insistir.
o A vida escolar deve estar articulada com a vida social, é preciso injetar realidade na escola.
o Ignorar as diferenças é trabalhar para aprofundá-las.
o Valores básicos na sociedade capitalista como liberdade individual, autonomia, criatividade e capacidade de tomar decisões exigirão da escola uma abertura em seu conservadorismo e autoritarismo.
o Nem todos os conhecimentos escolares têm aplicação imediata, são úteis porque desenvolvem a possibilidade de reflexão e aumentam nossa compreensão sobre a realidade que nos cerca, que deve ser a finalidade principal da escola.