sábado, 11 de novembro de 2017

Resumo Sociologia 3º médio ETIP (3º trim)

Aula 1. Um breve perfil da população afro-brasileira.

·         A população brasileira é miscigenada desde o período colonial, mesmo assim há o reconhecimento oficial da existência de várias raças, embora este conceito seja considerado ultrapassado e substituído pelo conceito de etnia, que envolve a origem e a cultura de cada povo.

·         Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o povo brasileiro está classificado racialmente da seguinte forma:
o   Brancos – 47,51%
o   Pardos – 43,42%
o   Pretos – 7,52%
o   Amarelos – 1,10%
o   Indígenas – 0,42%
o   Outros – 0,03%

·         Se reunirmos os pretos e os pardos, o número passa de 50% de pessoas da raça negra, no entanto, mesmo sendo maioria, eles possuem menos oportunidades na sociedade:

o   Educação: Os negros representam 38% dos que frequentam uma universidade, menos de 28% deles se formam e menos de 20% dos que se formam obtém um título de mestre ou doutor, numa pós-graduação.
o   Renda: Os negros representam apenas 16% do 1% mais rico, no oposto, os negros correspondem a 75% dos 10% mais pobres.
o   Representação social: Os negros ocupam apenas 20% da Câmara dos deputados. No Senado são apenas 7 entre 81 (8,6%). No poder judiciário, apenas 15,4% dos magistrados são negros.
o   Violência: Segundo o Mapa da violência 2015, 74% do total de pessoas assassinadas por armas de fogo no Brasil eram negras. Os negros são as principais vítimas em ações policiais.

·         É contra as diferenças estruturais entre brancos e negros que são propostas ações afirmativas – medidas institucionais, públicas ou privadas, que objetivam oferecer igualdade de oportunidades e de tratamento a qualquer grupo social discriminado.

·         No Brasil, uma das principais ações afirmativas é a reserva de cotas raciais.

Aulas 2/3. Afro-brasileiros: a questão das cotas raciais e os grupos étnicos.

·         As cotas raciais são a reserva de vagas em instituições públicas ou privadas para grupos específicos classificados por etnia, na maioria das vezes, negros e indígenas. Surgidas na Índia na década de 1930, as cotas raciais são consideradas, pelo conceito original, uma forma de ação afirmativa, algo para reverter o racismo histórico contra determinadas classes étnico/raciais.
  
·         A primeira lei de cotas é referente à educação e leva em conta tanto a cor quanto a condição social do aluno. A lei nº 12,711/2012 sancionada pela presidente Dilma Roussef, beneficia negros e indígenas. Estabelece que todas as universidades federais devem reservar 50% de suas vagas para estudantes que tenham cursado o Ensino médio em escolas públicas, as vagas destinadas a negros e indígenas obedecem o percentual desses grupos em cada estado.

·         Em 2014, foi sancionada a lei 12,990/2014 que reserva cotas de 20% para negros nas vagas de concursos públicos para cargos da administração federal e de empresas publicas.

·         O critério para definição da raça é a auto declaração do candidato.

·         Apesar de muitos considerarem as cotas como um sistema de inclusão social, existem controvérsias quanto às suas consequências e constitucionalidade em muitos países.

·         Argumentos a favor das cotas raciais:
o   Corrigir a dívida histórica por séculos de exploração.
o   Minimizar as diferenças raciais e socioeconômicas que sempre existiram no Brasil
o   O abismo existente entre escolas públicas e particulares fornecem, claramente, oportunidades distintas a estudantes de classes sociais diferentes.
o   Os cotistas não ganham as vagas de graça, mas tem que disputa-las, ou seja, só os melhores alunos conseguem as vagas.

·         Argumentos contrários às cotas raciais:
o   A pessoa não pode ter privilégios por causa de sua ancestralidade.
o   Não podemos responsabilizar os brancos de hoje pelo que os brancos do passado fizeram.
o   Um país é justo quando qualquer um, não importando a cor ou a origem, possa perseguir seus sonhos através do fruto de seu trabalho.
o   Se só existe a raça humana, por que o governo promove a identificação racial de seus cidadãos?

·         O racismo existente na sociedade brasileira se processa em diversos níveis: cultural, econômico, político e até moral.

·          Grupo étnico é compreendido como uma coletividade que partilha valores, costumes e uma memória comum, que nutre uma crença subjetiva numa origem, imprescindível para a definição da “comunidade de sentido”, existindo ou não laços de sangue.

·         Deve-se ter em conta que as singularidades da cada etnia não são fixas, são convenções sociais que podem mudar de acordo com a situação e o momento histórico vivido.

Aulas 4/5. Xenofobia e globalização.

·        Definição: Xenofobia significa aversão a pessoas ou coisas estrangeiras, o termo tem origem grega e pode se caracterizar como uma forma de preconceito.

·        Nem todas as formas de discriminação contra minorias étnicas, diferentes culturas ou crenças podem ser consideradas xenofobia. Em muitos casos são atitudes associadas a conflitos ideológicos, culturais ou políticos.

·         No mundo capitalista globalizado, parece haver um aumento da intolerância social, devido principalmente à oposição entre ricos e pobres e às migrações quase que em massa para os países ricos.

·         Existem dois tipos de movimentação popular internacional:
·         Migrante: qualquer pessoa que muda de região ou país de moradia, pode ser voluntário, por motivos de trabalho, estudo ou família ou forçado.

·         Refugiado: pessoa que muda de região ou país tentando fugir de guerras, conflitos internos, perseguição (política, étnica ou religiosa), violação dos direitos humanos desastres ambientais, epidemias.

  • Conforme relatório da O.N.U., existem no mundo cerca de 60 milhões de pessoas desalojadas por guerras ou perseguições.

  • Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e países da Europa ocidental vivem sob grande pressão migratória e tomam medidas para restringir a entrada maciça de imigrantes, entre elas: fiscalização de fronteiras, de portos e de aeroportos, aumento das exigências legais, construção de muros e barricadas.

  • A maior parte das migrações ocorre dentro do próprio país ou entre países com a mesma matriz cultural, a proximidade da língua, da cultura e da religião são questões levadas em conta para a mudança. Além disso, o custo da viagem também influencia: viagem, estadia, documentação (passaporte e visto).

  • Análise de casos:

1.    EUA/México – Todo ano, cerca de 500 mil latino-americanos tentam entrar ilegalmente nos EUA, aumentando consideravelmente o contingente de 12 milhões de imigrantes ilegais. Um enorme muro, com sofisticados equipamentos de segurança, construído a partir de 2006 separa cerca de 40% da fronteira de 3,1 mil Km entre os EUA e o México.

2.    Europa ocidental/Norte da África – A União europeia endurece a cada dia a legislação contra a imigração de africanos e de asiáticos do Oriente médio, crescem a detenção e repatriação de ilegais, aumentam os mecanismos de controle. Por exemplo, em 2009, mais de 4.000 estrangeiros foram barrados no aeroporto de Madrid, na Espanha, incluindo 873 brasileiros. Cresce o conceito de Imigração seletiva, que leva em conta apenas as necessidades de mão de obra, selecionando quem pode ou não entrar no país através da qualificação profissional.
Situação crítica: em Ceuta e Melila, no norte da África, foram construídos altos muros de 3 a 5 metros de altura e com arame farpado e a ilha italiana de Lampedusa.

3.    Ásia/Japão e Austrália – Fuga de pessoas em busca de melhores condições de vida e de trabalho e refugiados (Tibet, Coréia do norte, Camboja e Indonésia).

4.    Países africanos/África do sul – A África do sul é considerada uma ilha de prosperidade entre as nações pobres da região, desde o fim do apartheid em 1994, mais de 1,8 milhões de estrangeiros migram para o país, aumentando significativamente as taxas de desemprego, criminalidade e de violência num país ainda dividido entre brancos e negros.

·        O fluxo de migração sempre teve as mesmas motivações: melhores condições de vida, novas oportunidades de trabalho, mais liberdade cultural e fuga de guerras, fome e desastres naturais.

·        Não podemos esquecer que as diferenças de etnias, raças e crenças existem muito antes da implantação do capitalismo, porém, o avanço capitalista tem contribuído para o aumento de um sentimento de repulsa.

·        Essa repulsa vem disfarçada de defesa da nação e dos bons costumes, rotulando estrangeiros pobres como inferiores, como se ao colocar a culpa dos problemas sociais em outra etnia fosse resolver as diferenças sociais brutais do capitalismo selvagem.

·        Critérios para definir a nacionalidade:

o   Nacionalidade dos pais biológicos – Mais usado na Europa, gera problemas com os descendentes nascidos no país.
o   Local de nascimento – Se os pais não estiverem em trânsito, vale para os filhos. Usado no Brasil.
o   Processo de naturalização – Leva em conta a ascendência, podendo ou não ser aceita pelas autoridades.

Aula 6. A juventude e as diferenças das gerações.

·        A partir da segunda guerra mundial as novas gerações foram recebendo denominações específicas de acordo com suas características, as divisões se referem à década de nascimento, as crianças nascidas em:

o   (1950/1960) – Os Baby-boomers, a geração da TV – Este termo é usado como referência aos filhos do “baby boom”, explosão demográfica pós-segunda guerra, que ocorreu na América do norte, Austrália e Europa ocidental. A ascensão da televisão moldou o comportamento desses jovens, desenvolveram sua própria cultura, criaram seu estilo próprio, é a era do jazz e do rock and roll. Surgem os ideais de liberdade, feminismo, os hippies, os pacifistas e revolucionários que queriam mudar o mundo.
Fatos – Início da guerra fria, guerra da Coréia, revolução cubana; no Brasil, o suicídio de Vargas, a Petrobrás, construção de Brasília.

o   (1960/1970) A Geração X, a geração da guerra fria – Esta geração é conhecida por romper com os hábitos das gerações anteriores, valorizando a sexualidade, a individualidade e a liberdade, descrentes da política e preocupados com o meio ambiente, surgem os Beatles, os Rolling Stones, Pink Floyd, disco music. No Brasil, a era dos festivais de MPB e do tropicalismo.
Fatos – Crise dos mísseis, guerras no Oriente médio, movimentos estudantis, guerra do Vietnã; no Brasil, regime militar, AI-5, festivais de música.

o   (1980/1990) – A Geração Y, a geração digital – Esta geração acompanhou a revolução tecnológica desde pequenos, computador, internet, celular. É uma geração mais crítica e mais independente, não aceitam explicações simples e óbvias, são questionadores, multitarefas, imediatistas e empreendedores. Estão sempre conectados em busca de informações. Música pop (Michael Jackson, Madonna), heavy metal e grunge, no Brasil, o pagode, o axé, o rap e o hip-hop.
Fatos Guerra Irã-Iraque, queda do muro de Berlim, fim da União soviética, da guerra fria e do apartheid, início da globalização. No Brasil, Diretas já, redemocratização, Collor, Plano Real.

o   (2000/2010) – A Geração Z, a geração virtual – É uma geração eternamente conectada através de dispositivos móveis e preocupada com a ecologia e o respeito ao meio ambiente, A noção de grupo passa a ser virtual, eles não se prendem a nenhum lugar, não são fiéis a marcas e são grandes consumidores de Aplicativos para celulares e tablets, surge a cidadania digital. Música eletrônica e raves, multiplicação de estilos,
Fatos – Atentado terrorista às torres gêmeas, crise econômica, o crescimento da China, fundamentalismo islâmico; no Brasil, governo Lula, aumento da corrupção, movimentos populares, pré-sal.

·        Esta classificação não é absoluta e nem exatamente demarcada, pois jovens de uma geração podem manter comportamentos da anterior, com a multiplicidade cultural, vemos pessoas de várias gerações coexistindo, nem sempre de forma harmônica, gerando alguns “conflitos de gerações”, alguns especialistas nomeiam as crianças nascidas a partir de 2010 como uma nova geração: a geração Alfa, ainda a ser estudada. 

Aula 7. Cultura e periferia: conceitos e preconceitos.

·        É comum ouvirmos a utilização do termo cultura em referência somente à arte e ao acúmulo de conhecimento, enquanto o significado mais amplo da palavra dá conta de que cultura é sinônimo dos modos de vida de um povo e, portanto, é produzida por todas as pessoas em sua interação.

·        Cultura é tudo aquilo que é resultado da vida social, da aprendizagem; tudo aquilo que você adquire da sociedade é cultura.

·        É uma visão etnocêntrica que gera essa ideia de só conceber a sua visão e seus próprios valores como válidos, vendo o diferente como desigual e inferior. Essa visão gera uma incapacidade de lidar com as diferenças e as desigualdades.

·        A cultura produzida na periferia das grandes cidades engloba não só o campo artístico, mas também um campo social. O funk, o pagode, o rap, o hip-hop são manifestações artísticas típicas das vilas, das favelas e dos conjuntos habitacionais populares.

·        O próprio conceito de periferia mudou com o tempo, pois hoje se refere não só às áreas mais distantes da cidade, mas as regiões esquecidas e abandonadas pelo poder público.

·        A espaço periférico é oposto a um ideal urbano vivenciado pelas camadas privilegiadas da população, é também visto como um problema; essa visão fez surgir o conceito de enclaves fortificados, aonde as classes economicamente mais altas se isolam do resto em condomínios fechados de alto padrão.

·        A periferia é sempre lembrada por suas ausências, pelo que não tem.

·        Na década de 1990, começaram a ganhar visibilidade nas periferias o funk e o hip-hop. Essas manifestações culturais espantaram a sociedade por seu caráter hedonista, de busca de prazer, de violência e de contestação ao sistema.


·        O funk e o hip-hop tem por origem a black music dos E.U.A. da década de 1960, surge como música associada às classes inferiorizadas pelo sistema, como um apelo à identidade dessas classes consideradas periféricas.