Aula 1.
Um breve perfil da população afro-brasileira.
·
A
população brasileira é miscigenada desde o período colonial, mesmo assim há o
reconhecimento oficial da existência de várias raças, embora este conceito seja
considerado ultrapassado e substituído pelo conceito de etnia, que envolve a
origem e a cultura de cada povo.
·
Segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o povo brasileiro está
classificado racialmente da seguinte forma:
o Brancos – 47,51%
o Pardos – 43,42%
o Pretos – 7,52%
o Amarelos – 1,10%
o Indígenas – 0,42%
o Outros – 0,03%
·
Se reunirmos
os pretos e os pardos, o número passa de 50% de pessoas da raça negra, no
entanto, mesmo sendo maioria, eles possuem menos oportunidades na sociedade:
o Educação: Os negros representam 38% dos que frequentam uma
universidade, menos de 28% deles se formam e menos de 20% dos que se formam
obtém um título de mestre ou doutor, numa pós-graduação.
o Renda: Os negros representam apenas 16% do 1% mais rico,
no oposto, os negros correspondem a 75% dos 10% mais pobres.
o Representação social: Os negros ocupam apenas 20% da
Câmara dos deputados. No Senado são apenas 7 entre 81 (8,6%). No poder
judiciário, apenas 15,4% dos magistrados são negros.
o Violência: Segundo o Mapa da violência 2015, 74% do total de
pessoas assassinadas por armas de fogo no Brasil eram negras. Os negros são as
principais vítimas em ações policiais.
·
É contra
as diferenças estruturais entre brancos e negros que são propostas ações
afirmativas – medidas institucionais, públicas ou privadas, que objetivam
oferecer igualdade de oportunidades e de tratamento a qualquer grupo social
discriminado.
·
No
Brasil, uma das principais ações afirmativas é a reserva de cotas raciais.
Aulas 2/3.
Afro-brasileiros: a questão das cotas raciais e os grupos étnicos.
·
As cotas raciais são a reserva de
vagas em instituições públicas ou privadas para grupos específicos
classificados por etnia, na maioria das vezes, negros e indígenas. Surgidas na Índia na década de 1930, as cotas raciais são
consideradas, pelo conceito original, uma forma de ação
afirmativa, algo
para reverter o racismo histórico contra
determinadas classes étnico/raciais.
·
A
primeira lei de cotas é referente à educação e leva em conta tanto a cor quanto
a condição social do aluno. A lei nº 12,711/2012 sancionada pela presidente
Dilma Roussef, beneficia negros e indígenas. Estabelece que todas as
universidades federais devem reservar 50% de suas vagas para estudantes que
tenham cursado o Ensino médio em escolas públicas, as vagas destinadas a
negros e indígenas obedecem o percentual desses grupos em cada estado.
·
Em 2014,
foi sancionada a lei 12,990/2014 que reserva cotas de 20% para negros nas vagas
de concursos públicos para cargos da administração federal e de empresas
publicas.
·
O
critério para definição da raça é a auto declaração do candidato.
·
Apesar de
muitos considerarem as cotas como um sistema de inclusão
social, existem
controvérsias quanto às suas consequências e constitucionalidade em muitos
países.
·
Argumentos a favor das cotas raciais:
o Corrigir a dívida histórica por
séculos de exploração.
o Minimizar as diferenças raciais e
socioeconômicas que sempre existiram no Brasil
o O abismo existente entre escolas
públicas e particulares fornecem, claramente, oportunidades distintas a
estudantes de classes sociais diferentes.
o Os cotistas não ganham as vagas
de graça, mas tem que disputa-las, ou seja, só os melhores alunos conseguem as
vagas.
·
Argumentos contrários às cotas raciais:
o A pessoa não pode ter privilégios
por causa de sua ancestralidade.
o Não podemos responsabilizar os
brancos de hoje pelo que os brancos do passado fizeram.
o Um país é justo quando qualquer
um, não importando a cor ou a origem, possa perseguir seus sonhos através do
fruto de seu trabalho.
o Se só existe a raça humana, por
que o governo promove a identificação racial de seus cidadãos?
·
O racismo
existente na sociedade brasileira se processa em diversos níveis: cultural,
econômico, político e até moral.
·
Grupo étnico é compreendido como uma
coletividade que partilha valores, costumes e uma memória comum, que nutre uma
crença subjetiva numa origem, imprescindível para a definição da “comunidade de
sentido”, existindo ou não laços de sangue.
·
Deve-se
ter em conta que as singularidades da cada etnia não são fixas, são convenções
sociais que podem mudar de acordo com a situação e o momento histórico vivido.
Aulas 4/5.
Xenofobia e globalização.
·
Definição: Xenofobia significa aversão a pessoas ou coisas
estrangeiras, o termo tem origem grega e pode se caracterizar como uma forma de
preconceito.
·
Nem todas as formas de discriminação contra
minorias étnicas, diferentes culturas ou crenças podem ser consideradas xenofobia.
Em muitos casos são atitudes associadas a conflitos ideológicos, culturais ou
políticos.
·
No mundo capitalista globalizado, parece
haver um aumento da intolerância social, devido principalmente à oposição entre
ricos e pobres e às migrações quase que em massa para os países ricos.
·
Existem dois tipos de movimentação popular
internacional:
·
Migrante:
qualquer pessoa que muda de região ou país de moradia, pode ser voluntário, por
motivos de trabalho, estudo ou família ou forçado.
·
Refugiado: pessoa
que muda de região ou país tentando fugir de guerras, conflitos internos,
perseguição (política, étnica ou religiosa), violação dos direitos humanos
desastres ambientais, epidemias.
- Conforme relatório da
O.N.U., existem no mundo cerca de 60 milhões de pessoas desalojadas por
guerras ou perseguições.
- Estados Unidos, Canadá,
Japão, Austrália e países da Europa ocidental vivem sob grande pressão
migratória e tomam medidas para restringir a entrada maciça de imigrantes,
entre elas: fiscalização de fronteiras, de portos e de aeroportos, aumento
das exigências legais, construção de muros e barricadas.
- A maior parte das migrações
ocorre dentro do próprio país ou entre países com a mesma matriz cultural,
a proximidade da língua, da cultura e da religião são questões levadas em
conta para a mudança. Além disso, o custo da viagem também influencia:
viagem, estadia, documentação (passaporte e visto).
- Análise de casos:
1. EUA/México – Todo ano, cerca de 500 mil latino-americanos
tentam entrar ilegalmente nos EUA, aumentando consideravelmente o contingente
de 12 milhões de imigrantes ilegais. Um enorme muro, com sofisticados
equipamentos de segurança, construído a partir de 2006 separa cerca de 40% da
fronteira de 3,1 mil Km entre os EUA e o México.
2. Europa ocidental/Norte da África – A União europeia endurece a
cada dia a legislação contra a imigração de africanos e de asiáticos do Oriente
médio, crescem a detenção e repatriação de ilegais, aumentam os mecanismos de
controle. Por exemplo, em 2009, mais de 4.000 estrangeiros foram barrados no
aeroporto de Madrid, na Espanha, incluindo 873 brasileiros. Cresce o conceito
de Imigração seletiva, que leva em conta apenas as necessidades de mão
de obra, selecionando quem pode ou não entrar no país através da qualificação
profissional.
Situação crítica: em Ceuta e Melila, no norte da
África, foram construídos altos muros de 3 a 5 metros de altura e com arame
farpado e a ilha italiana de Lampedusa.
3. Ásia/Japão e Austrália – Fuga de pessoas em busca de
melhores condições de vida e de trabalho e refugiados (Tibet, Coréia do norte,
Camboja e Indonésia).
4. Países africanos/África do sul – A África do sul é considerada
uma ilha de prosperidade entre as nações pobres da região, desde o fim do
apartheid em 1994, mais de 1,8 milhões de estrangeiros migram para o país,
aumentando significativamente as taxas de desemprego, criminalidade e de
violência num país ainda dividido entre brancos e negros.
·
O fluxo de migração sempre teve as mesmas
motivações: melhores condições de vida, novas oportunidades de trabalho, mais
liberdade cultural e fuga de guerras, fome e desastres naturais.
·
Não podemos esquecer que as diferenças de
etnias, raças e crenças existem muito antes da implantação do capitalismo,
porém, o avanço capitalista tem contribuído para o aumento de um sentimento de
repulsa.
·
Essa repulsa vem disfarçada de defesa da
nação e dos bons costumes, rotulando estrangeiros pobres como inferiores, como
se ao colocar a culpa dos problemas sociais em outra etnia fosse resolver as
diferenças sociais brutais do capitalismo selvagem.
·
Critérios para definir a nacionalidade:
o
Nacionalidade dos pais biológicos –
Mais usado na Europa, gera problemas com os descendentes nascidos no país.
o
Local de nascimento –
Se os pais não estiverem em trânsito, vale para os filhos. Usado no Brasil.
o
Processo de naturalização –
Leva em conta a ascendência, podendo ou não ser aceita pelas autoridades.
Aula 6. A
juventude e as diferenças das gerações.
·
A partir da segunda guerra mundial as novas
gerações foram recebendo denominações específicas de acordo com suas
características, as divisões se referem à década de nascimento, as crianças
nascidas em:
o
(1950/1960) – Os Baby-boomers, a geração da TV – Este
termo é usado como referência aos filhos do “baby boom”, explosão demográfica
pós-segunda guerra, que ocorreu na América do norte, Austrália e Europa
ocidental. A ascensão da televisão moldou o comportamento desses jovens,
desenvolveram sua própria cultura, criaram seu estilo próprio, é a era do jazz
e do rock and roll. Surgem os ideais de liberdade, feminismo, os hippies, os
pacifistas e revolucionários que queriam mudar o mundo.
Fatos – Início
da guerra fria, guerra da Coréia, revolução cubana; no Brasil, o
suicídio de Vargas, a Petrobrás, construção de Brasília.
o
(1960/1970) – A Geração X, a
geração da guerra fria – Esta geração é conhecida por romper
com os hábitos das gerações anteriores, valorizando a sexualidade, a
individualidade e a liberdade, descrentes da política e preocupados com o meio
ambiente, surgem os Beatles, os Rolling Stones, Pink Floyd, disco music. No
Brasil, a era dos festivais de MPB e do tropicalismo.
Fatos –
Crise dos mísseis, guerras no Oriente médio, movimentos estudantis, guerra do
Vietnã; no Brasil, regime militar, AI-5, festivais de música.
o
(1980/1990) – A Geração Y, a
geração digital – Esta geração acompanhou a revolução
tecnológica desde pequenos, computador, internet, celular. É uma geração mais
crítica e mais independente, não aceitam explicações simples e óbvias, são
questionadores, multitarefas, imediatistas e empreendedores. Estão sempre
conectados em busca de informações. Música pop (Michael Jackson,
Madonna), heavy metal e grunge, no Brasil, o pagode, o axé, o rap e o hip-hop.
Fatos –
Guerra
Irã-Iraque, queda do muro de Berlim, fim da União soviética, da guerra fria e
do apartheid, início da globalização. No Brasil, Diretas já,
redemocratização, Collor, Plano Real.
o
(2000/2010) – A Geração Z, a
geração virtual – É uma geração eternamente conectada através
de dispositivos móveis e preocupada com a ecologia e o respeito ao meio
ambiente, A noção de grupo passa a ser virtual, eles não se prendem a nenhum
lugar, não são fiéis a marcas e são grandes consumidores de Aplicativos para
celulares e tablets, surge a cidadania digital. Música eletrônica e raves,
multiplicação de estilos,
Fatos –
Atentado terrorista às torres gêmeas, crise econômica, o crescimento da China,
fundamentalismo islâmico; no Brasil, governo Lula, aumento da corrupção,
movimentos populares, pré-sal.
·
Esta classificação não é absoluta e nem exatamente
demarcada, pois jovens de uma geração podem manter comportamentos da anterior,
com a multiplicidade cultural, vemos pessoas de várias gerações coexistindo,
nem sempre de forma harmônica, gerando alguns “conflitos de gerações”, alguns
especialistas nomeiam as crianças nascidas a partir de 2010 como uma nova
geração: a geração Alfa, ainda a ser
estudada.
Aula 7.
Cultura e periferia: conceitos e preconceitos.
·
É comum ouvirmos a utilização do termo cultura em
referência somente à arte e ao acúmulo de conhecimento, enquanto o significado
mais amplo da palavra dá conta de que cultura é sinônimo dos modos de vida
de um povo e, portanto, é produzida por todas as pessoas em sua interação.
·
Cultura é tudo aquilo que é resultado da vida
social, da aprendizagem; tudo aquilo que você adquire da sociedade é cultura.
·
É uma visão etnocêntrica que gera essa ideia de só
conceber a sua visão e seus próprios valores como válidos, vendo o diferente
como desigual e inferior. Essa visão gera uma incapacidade de lidar com as
diferenças e as desigualdades.
·
A cultura produzida na periferia das grandes
cidades engloba não só o campo artístico, mas também um campo social. O funk, o
pagode, o rap, o hip-hop são manifestações artísticas típicas das vilas, das
favelas e dos conjuntos habitacionais populares.
·
O próprio conceito de periferia mudou com o tempo,
pois hoje se refere não só às áreas mais distantes da cidade, mas as regiões
esquecidas e abandonadas pelo poder público.
·
A espaço periférico é oposto a um ideal urbano
vivenciado pelas camadas privilegiadas da população, é também visto como um
problema; essa visão fez surgir o conceito de enclaves fortificados, aonde as
classes economicamente mais altas se isolam do resto em condomínios fechados de
alto padrão.
·
A periferia é sempre lembrada por suas ausências,
pelo que não tem.
·
Na década de 1990, começaram a ganhar visibilidade
nas periferias o funk e o hip-hop. Essas manifestações culturais espantaram a
sociedade por seu caráter hedonista, de busca de prazer, de violência e de
contestação ao sistema.
·
O funk e o hip-hop tem por origem a black music dos
E.U.A. da década de 1960, surge como música associada às classes inferiorizadas
pelo sistema, como um apelo à identidade dessas classes consideradas
periféricas.