Aulas 1/2.
A construção da sociedade civil brasileira.
·
Sociedade civil refere-se ao conjunto das organizações e instituições cívicas
voluntárias que servem como mecanismos de articulação de uma sociedade em
funcionamento, por oposição às estruturas apoiadas pela força de um estado
(independentemente de seu sistema político).
·
Para
entendermos o processo de formação da sociedade brasileira, é necessário
analisarmos sua evolução histórica.
A)
O Brasil colônia:
·
O
processo de colonização do Brasil teve início em 1530 com a expedição de Martim
Afonso de Sousa, os portugueses ocupam a terra, dominam os povos nativos e
ainda trazem da África outro povo escravizado.
·
Inicia-se
o período de produção de riquezas com a instalação dos primeiros engenhos de
cana-de-açúcar, muitos portugueses vêm ao Brasil para administrar engenhos e
ocupar cargos políticos.
·
A
descoberta de ouro na região das Minas Gerais trouxe milhares de portugueses ao
Brasil em busca de enriquecimento rápido, surgem novas cidades.
·
A sociedade civil brasileira ainda era tipicamente portuguesa, apresentando forte desigualdade
social, pois os portugueses controlavam toda a vida colonial; mesmo com muitas
pessoas nascidas no Brasil, as leis, as estruturas políticas e econômicas, e a
cultura eram portuguesas.
·
Começava
a surgir entre os brasileiros um forte sentimento de inferioridade, pois
se consideravam portugueses de segunda linha.
·
O
sentimento de pertencer a uma sociedade portuguesa fortaleceu-se ainda mais com
a chegada da família real portuguesa ao Brasil em 1808.
B)
O Brasil império:
·
A
independência do Brasil em 1822 ocorreu sob a liderança de um príncipe
português, Dom Pedro, éramos um povo mestiço sob o controle de uma elite ainda
portuguesa.
·
A partir
da 1ª constituição do Brasil, outorgada em 1824, tem início um lento processo
de transformação social.
·
A
sociedade civil procurava tornar-se mais brasileira, porém ainda convivia com
os modelos sociais europeus, o sentimento de inferioridade se manifestava de forma
diferente, em uma valorização excessiva de tudo o que vinha da Europa.
C)
O Brasil república:
· Com a
proclamação da república em 1889, o Brasil finalmente começa a se tornar
brasileiro, porém ainda com muita influência social europeia.
·
Neste
período houve poucas manifestações em grande escala da sociedade civil: as
revoltas tenentistas, a comuna de Manaus, a morte de Vargas, a marcha da
família com Deus pela liberdade, algumas greves localizadas e principalmente a
campanha das Diretas já em 1984.
·
Alguns
sociólogos defendem a ideia de que somos uma sociedade cordial, somos um povo
pacífico, pois não passamos por grandes traumas históricos (revolução francesa
ou russa), nos acostumamos a aceitar as coisas passivamente.
·
OBS: Ver
textos da apostila Pitágoras páginas: 34 a 37.
Aula 3. A
análise de Sérgio Buarque de Holanda: “Raízes do Brasil”.
·
Sérgio
Buarque (1902-1982), sociólogo paulista, autor de “Raízes do Brasil”, defende a
tese da natural cordialidade brasileira.
·
A
colonização portuguesa do Brasil se processou a partir de valores de
aventura, em oposição à valorização do trabalho.
·
A
aventura e a busca pela riqueza eram mais bem-vindas ao colono do que o
trabalho rotineiro e bem organizado.
·
Havia uma
verdadeira ânsia de prosperidade sem custo e sem esforço, uma busca
desenfreada de títulos, posições e riquezas fáceis.
·
Principais características:
ü Espírito de aventura – O gosto
pelo risco, o desleixo com a organização.
ü Ética do mérito pessoal – o culto
à personalidade, ao carisma pessoal.
ü Família patriarcal – o poder do
senhor de terras e escravos era quase absoluto.
ü O homem cordial – relações
baseadas em aspectos emotivos, pessoais.
ü Outras características –
personalismo, clientelismo e patrimonialismo.
·
A análise
histórica se faz necessária, pois muito do que somos hoje enquanto povo e nação
se constituiu através de elementos presentes nas várias fases de nossa
história.
Aula 4. A
formação da identidade brasileira: Brasil brasileiro?
·
A
sociedade brasileira possui características próprias reconhecidas como típicas
de nosso país, e não só o carnaval, o futebol ou a feijoada, mas um padrão de
comportamento específico.
·
Ao mesmo
tempo em que somos reconhecidamente um povo alegre, festivo, receptivo e
criativo, também somos conhecidos com o um povo desorganizado, passional,
individualista e corrupto, sem esquecer nossa maior marca que é o “jeitinho
brasileiro”, a malandragem típica vista por uns como negativa e por outros como
positiva.
·
Temos uma
sociedade civil recente, com aproximadamente 127 anos, em processo de
amadurecimento, com características que queremos e precisamos mudar, tais como:
o Elitismo – As classes sociais com mais
renda defendem o interesse de poucos.
o Complexo de inferioridade – Consideramos sempre o que vem
de fora melhor.
o Ausência de participação popular – A falta de um sentimento
social e prioridade ao pessoal.
·
A ausência
de preocupações sociais é um dos mais graves problemas que encontramos no
Brasil, salvo algumas ações comunitárias de ajuda, que só avançam quando tem o
apoio da grande mídia, é muito raro vermos atitudes sociais de sucesso, alguns
chegam mesmo a desprezar e desconfiar de pessoas que se dedicam ao social, com
raciocínios do tipo: “ele deve estar ganhando algum para fazer isso”.
·
Não
existe um rumo certo, um projeto social de desenvolvimento, cada um vai levando
sua vida, se importando apenas com as pessoas mais próximas, qualquer
preocupação social é vista como uma ilusão, algo abstrato que não faz parte do
cotidiano.
·
A
sociedade civil brasileira nem sabe o que quer ser.
·
OBS: Ver
textos da apostila Pitágoras páginas: 38 e 39.
Aulas 5/6.
Análise de ambientes culturais: A família.
·
Modelo tradicional
de família: pai, mãe e filhos.
·
Aspectos
importantes para a manutenção da família tradicional: fidelidade,
exclusividade, garantia de propriedade.
·
Podemos
conceber a instituição familiar como:
o Organização natural – Se é algo natural, então
qualquer forma diferente da tradicional é “anti-natural”, ou seja, errado.
o Determinação divina – A família é obra de Deus: “o
que Deus uniu o homem não separa.” Qualquer forma diferente pode ser
considerado ‘pecado”.
o Produto histórico-cultural – A família não é natural, nem
divina, mas algo construído culturalmente, cada sociedade adota aquilo que é
conveniente para sua cultura.
· Funções: |
* Transmissão dos padrões culturais vigentes.
* Desenvolvimento físico, psíquico e social.
* Absorção e manutenção de valores
ideológicos.
· Influências: |
* Fatores econômicos. Ex: a mulher no
mercado de trabalho.
* Meios
de comunicação de massa. Ex: exposição constante na mídia.
* Instituições educacionais. Ex: aprendizagem
cada vez mais precoce.
·
Segundo o
psicanalista francês Jacques Lacan (Paris, 1901 – 1981), a família
preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico através de três
mecanismos básicos:
· A primeira educação: |
* Os pais são os modelos de
comportamento.
* Os adultos tem poder
sobre as crianças. (Autoridade).
* Dependência física e psicológica
quase total.
· Aquisição da linguagem: |
* Ferramenta
imprescindível.
* Possibilita a compreensão da realidade.
· A repressão do desejo: |
* Ao nascer, a mãe é o mundo.
* Tempo de
espera para a satisfação dos desejos.
* Limites impostos pela
realidade, lidar com as frustrações.
* Repressão dos impulsos agressivos e
eróticos.
·
OBS: Ver
textos da apostila Pitágoras páginas: 47 e 48.
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