quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Resumos Filosofia 2º médio ETIP 2019 (3º trim)


Aula 1/2. O legado do Renascimento e da revolução científica.

  • Em todas as épocas da História, as grandes questões existenciais giram sempre em torno dos temas: o homem, o Universo e Deus, variando o foco de acordo com os interesses dominantes de cada época.                                                                                                           
  • O Renascimento trouxe modificações no ato de conhecer, criando condições apropriadas ao desenvolvimento de novas concepções, de uma nova visão de mundo, com destaque para:
    • A separação entre fé e razão.
    • O antropocentrismo.
    • O saber ativo em oposição ao saber contemplativo.
  • Surge uma nova proposta de reflexão crítica sobre as possibilidades do conhecimento, a partir de duas direções distintas:
    • Saber se é possível conhecer cientificamente o mundo natural.
    • Saber se as questões metafísicas podem ser conhecidas com base em modelos científicos..
  • O Humanismo renascentista valoriza o pensamento humano, excluindo qualquer realidade fora da consciência. 
  • Da revolução astronômica de Copérnico, passando por Galileu, Bacon e Descartes até a física de Newton, a ciência encontra sua expressão mais moderna na ideia de um Universo concebido como uma máquina, o surgimento de novas ideias transforma o mundo, as ideias mais relevantes do período foram:
    • A Terra e o homem não são mais o centro do Universo.
    • Aliança entre ciência e técnica, modificando a visão de conhecimento.
    • O método experimental funda a nova ciência, independente da Fé.
    • A essência das coisas é substituída pelas qualidades e funções.
·         Surgem grandes questionamentos sobre o processo do conhecer: É possível conhecer? Como conhecer? Como verificar a validade de um conhecimento? Quais os critérios para a verdade? Qual a extensão do conhecimento? O conhecimento vem da experiência sensível, da razão ou de ambas?

·         Surgem como resposta a essas questões duas correntes filosóficas opostas entre si: o Empirismo e o Racionalismo.

Aulas 3/4. Empirismo: os sentidos fundam o conhecimento.

  • O Empirismo:
         Doutrina filosófica que encontra o seu auge nos séculos XVII e XVIII na Inglaterra com Francis Bacon, John Locke e David Hume.

         Ideia básica: A Razão, a verdade e as ideias são adquiridas por nós através da experiência sensível, ou seja, só adquirimos conhecimento através dos cinco sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), antes disso a mente é como uma “página em branco”, em que são impressos os dados da sensibilidade.

         Francis Bacon (Inglaterra, 1561-1626):

         Nasceu de uma família nobre na Inglaterra absolutista da rainha Elizabeth I. Fez carreira política, chegando a ser chanceler do rei Jaime I.

         Sua principal máxima: “Saber é poder!”, expressa uma visão otimista do poder de conhecer dos seres humanos, capaz de levar ao inevitável progresso; a tradição filosófica o considera o “pai” do método experimental.

         O conhecimento não tem valor em si mesmo, mas representa um poderoso meio para
      conquistar o poder sobre a Natureza.

         Objetivo de sua filosofia: Elaborar um novo método de investigação que permitisse o conhecimento correto dos fenômenos naturais, criticando e rejeitando a ciência e a filosofia anteriores.

         O Método experimental – Valorização da experiência sensível e do raciocínio Indutivo (do particular para o geral).

         Bacon reflete uma visão materialista e mecanicista da realidade; ele pode ser considerado um grande Naturalista, porque ele interpreta a realidade segundo causas naturais.

         Principais obras: “Novum Organum” e “Nova Atlântida”, ambas expressam a confiança no poder da Ciência para garantir a felicidade humana, enfatizando assim o caráter utilitarista do conhecimento.

         Em Política, Bacon defendia um Estado forte, autoritário, tendo por base a ideia de que a harmonia e o bem-estar da sociedade provêm do controle científico da Natureza.

         A contribuição de Bacon para o desenvolvimento das Ciências foi enorme, pois até os dias atuais valoriza-se a investigação científica de caráter empírico.

         David Hume (Escócia, 1711-1776):

·         Filósofo, historiador e ensaísta britânico nascido na Escócia que se tornou célebre por seu empirismo radical e seu ceticismo filosófico. Sendo considerado um dos mais importantes pensadores do chamado iluminismo escocês e da própria filosofia ocidental.

·         Principais obras:
o   Tratado da Natureza humana. (1739)
o   Ensaios morais, políticos e literários. (1741)
o   Investigação sobre o entendimento humano. (1748)
o   Diálogos sobre a religião natural. (1779)

    Para Hume, as nossas ideias não são apenas cópias das impressões que temos das sensações (experiências externas), mas também das impressões das emoções que experimentamos diante das sensações (experiências internas). 

         A origem das ideias segundo Hume:
         As sensações formam a percepção, a associação das percepções formam as ideias.
         Temos o hábito de fazer associações; para Hume  a razão é o hábito de associar ideias.

         A pesquisa metafísica e a atividade científica usam como base o “princípio da causalidade”, pois o cientista faz experiências e busca as causas que expliquem o fenômeno observado, o mesmo vale para os argumentos metafísicos.

         Hume questiona esse princípio: para ele todo raciocínio experimental  utiliza a causalidade, mas de onde vem isso? Qual a impressão sensível que garante isso?

         Ele não encontra em nenhum setor da experiência, uma impressão concreta de causalidade que a justifique. A experiência externa só me fornece o depois, não me dá a origem do por que.

         A causalidade não existe nas coisas, mas em uma crença que se baseia no hábito de associar ideias. Pelos sentidos não percebemos causas, mas sensações.

         A influência da filosofia de Hume pode ser percebida principalmente em Kant, na filosofia analítica e na fenomenologia.

Aulas 5/6. Racionalismo: a Razão funda o conhecimento.

  • O Racionalismo:
  • Doutrina filosófica inaugurada pelo francês René Descartes (1596-1658), Spinoza e Leibniz são outros expoentes dessa corrente.
  • Princípios do Racionalismo:
  • Privilegia a razão em detrimento da experiência do mundo sensível como via de acesso ao conhecimento, estipula o sujeito do conhecimento como fundamento de toda a verdade.
  • A Razão é a luz natural inata que permite o acesso à verdade, sendo a verdade uma característica das ideias e não das coisas. Por exemplo, quando vejo um objeto e digo: Isto é um livro de filosofia, sabemos que o livro existe e que a verdade está na ideia, no conceito “livro de filosofia”, que é verdadeiro por corresponder ao objeto existente.
  • O racionalismo afirma que tudo o que existe tem uma causa inteligível, mesmo que essa causa não possa ser demonstrada empiricamente, tal como a causa da origem do Universo.
  • As ideias inatas:
  • Descartes defende a existência de “ideias inatas”, que por serem puras (livres dos sentidos) só podem existir porque já nascemos com elas.
  • Exemplos: Infinito, tempo, espaço, Deus, relações matemáticas, ... (intuições intelectuais).
  • René Descartes (França,1596-1658):
  • Filósofo, físico e matemático francês, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental.
  • Principais obras:
    • "Discurso sobre o método" (1637);
    • "Meditações Metafísicas" (1641);
    • "Princípios de Filosofia" (1644);
    • "As Paixões da Alma" (1649).

  • O caminho lógico para o Cogito:
  • A frase considerada símbolo do Racionalismo é o cogito cartesiano: “Penso, logo existo.”(a primeira verdade é a minha existência enquanto um ser pensante).
  • Nas Meditações, Descartes reproduz a sequência de raciocínios que o levaram aos fundamentos lógicos do conhecimento humano. Vejamos como isso ocorre: 
  • Primeira meditação: A dúvida metódica.
  • Para encontrar a Verdade nas ciências é necessário rejeitar tudo o que possa ser motivo de dúvida. Deve ser uma dúvida radical.
  • A principal fonte de conhecimento vem dos Sentidos, pois nos fornecem dados óbvios e evidentes.
  • Os Sentidos não são confiáveis, pois podemos nos enganar.
  • Argumento dos sonhos – Difícil distinção entre a vigília e o sono, induz a ilusões.
  • O conteúdo dos sonhos sempre reflete a representação de algo.
  • Porém, mesmo duvidando dos sentidos, como duvidar das relações matemáticas? (2 + 3 = 5, independente de qualquer engano).
  • Argumento do Deus enganador – Deus teria o poder para me enganar, mas Deus não pode ser maligno, ele é soberanamente bom, logo ele não me engana.
  • Argumento do Gênio maligno – Um gênio maligno me engana em tudo, tudo o que sei é mera ilusão.
  • Segunda meditação: A primeira verdade, o Cogito.
·         Para chegar à verdade basta encontrar uma coisa que seja certa e livre de dúvidas, um ponto fixo a partir do qual possa alcançar outras verdades.
·         Supondo que tudo o que vejo é falso, tudo o que penso são ficções, então o que poderá ser considerado verdadeiro?
·         Não há dúvida de que eu sou algo, mesmo que um enganador me engane sempre, jamais poderá fazer com que eu não seja nada, enquanto eu pensar ser alguma coisa.
·         Se duvido de tudo e sou sempre enganado, não tem como negar a minha existência.
·         A proposição “Penso, logo existo”, é necessariamente verdadeira.

·         Conclusão:
·         Descartes utiliza a dúvida radical como um método de pesquisa, os argumentos citados, dos sonhos, do Deus enganador e do gênio maligno são criações artificiais que servem para estender a dúvida ao extremo, chegando finalmente na primeira verdade: Eu existo enquanto um ser pensante, eu sou algo que pensa!

·         A partir daí, tem início uma análise das razões para descobrir qual a natureza daquilo que pensa, passando pela prova da existência de Deus e da existência do mundo físico exterior à mente.   

Aula 7. O Barroco e a Filosofia.

  • Definição – Estilo artístico surgido na Itália entre o final do século XVI e o século XVIII, deu continuidade ao Renascimento introduzindo novos significados, expressando as profundas mudanças socioculturais da época. 
  • Panorama histórico – Auge das monarquias absolutistas, conquista europeia da América, Reforma protestante e contrarreforma, guerra dos 30 anos, avanços da ciência. 
  • Características – Formas cheias de contrastes, irregulares, com muito brilho e pompa, cenários contraditórios com o choque de opostos (vida e morte, prazer e dor,..). 
  • Grandes nomes do Barroco
    • Pintura: Bruegel, Rembrandt, Caravaggio, Velásquez,..
    • Literatura: Shakespeare, Camões, Cervantes,...
    • Teatro: Moliére, Racine,...
    • Música: Hendel, Bach, Vivaldi,...
    • No Brasil: Aleijadinho, Mestre Ataíde,...
  • Lemas do Barroco
    • CARPE DIEM (Aproveita o dia de hoje!)
    • MEMENTO MORI (Lembra-te que morrerás um dia!).
  •  O período Barroco trouxe uma cultura que enfatizava o contraste, o dramático, o exagero, criando uma atmosfera grandiosa e sedutora. Foi uma tentativa de salvar uma cultura em ruínas, acalmando as mentes e controlando as massas.
  • O Barroco significou uma releitura da vida, do mundo e dos homens, numa comunhão entre a espiritualidade medieval com o Racionalismo e o Antropocentrismo renascentista.
  • A Filosofia da época também é conflituosa e contraditória, a principal oposição surge entre o Idealismo e o Materialismo.
  • Alguns filósofos do período – Galileu, T. Hobbes, B. Pascal, Voltaire, Pe. Antônio Vieira, Isaac Newton, R. Descartes, W. Leibniz e B. Spinoza.
  • O Idealismo – Coloca a subjetividade como fundamento do conhecimento, a matéria só existe quando é concebida pelo pensamento, a realidade é uma construção mental.
  • O Materialismo – Afirma a objetividade, colocando a matéria no papel central do conhecimento, expressa uma visão determinista do universo.
  • Problemas teóricos –
    • Idealismo – Não se baseia na matéria, está longe da experiência sensível, foca na imaginação, porém sem vínculo com a realidade física.
    • Materialismo – Compreendia a natureza de forma fixa, estática, eterna, não admitia voos da imaginação.

O movimento Barroco refletia a sensação de libertação da rigidez medieval paralela à insegurança provocada pela perda de um mundo de certezas. O mundo moderno havia destruído o mundo medieval e ainda estava construindo suas novas bases, as pessoas perderam suas referências fixas e não tinham certeza sobre o rumo que as coisas iriam tomar.


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